A ansiedade pode ser considerada um sentimento humano natural, frente a situações novas e desconhecidas, do nascimento à morte da vida humana. Desde cedo, o indivíduo vai adquirindo a percepção das mudanças dentro e fora de si mesmo, surgindo então uma necessidade de adaptação: viver é antes de tudo adaptar-se, embora a percepção de mudança possa gerar desconforto e em variados graus de sofrimento. A ansiedade é experimentada de modo único e pessoal (CABRERA & SPONHOLS JR, in BOTEGA 2002).
No ponto de vista biológico, a ansiedade é uma resposta do organismo à estímulos que possam indicar perigo ou ameaça. A psicofisiologia indica que a ansiedade é resultante da ativação da área do córtex cerebral, localizado na região da amígdala. Esta ativação é uma reação natural de defesa do organismo, apresenta vantagens evolutivas ao preparar rapidamente o indivíduo para fugir ou enfrentar situações de ameaças. O conjunto dessas reações designa emoções como o medo, a insegurança, incertezas que estão envolvidas nas experiências de ansiedade e ainda, reações no corpo, tais como palpitação, dilatação da pupila, sudorese etc. (BRAGA, 2010).
Na Psicoterapia Cognitivo Comportamental, as reações do indivíduo à ansiedade podem ser consideradas adaptativas (e não gerar desconforto ou problemas) ou disfuncionais, que ocorre quando a ansiedade atinge níveis mais elevados, que geram descontrole, estresse e/ou prejuízos no dia a dia e sofrimento emocional ao indivíduo. Desta forma, a ansiedade pode ser considerada como um problema e até mesmo ser classificada como um transtorno neuropsiquiátrico.
Os sinais de ansiedade podem ser observados por um conjunto de fatores, são eles:
- Fisiológicos: palpitação do coração, dilatação da pupila, suor, falta de ar, mal estar.
- Emocionais: medo, angústia, aflição, insegurança, aversão, terror.
- Comportamentais: irritabilidade, agressividade, inquietude, evitação e/ou fuga.
- Cognitivos: alterações de atenção, hipervigilância, presença de pensamentos acelerados e/ou invasivos.
Existem diferentes tratamentos e técnicas para lidar com a ansiedade, entretanto, a auto-observação dos sinais de ansiedade é um ponto importante. Observar o conjunto de fatores que geram a ansiedade e se possível ainda reconhecer os estímulos que levaram a estes sinais é um passo importante. E isto ocorre a partir de um processo de aprendizado.
Para que a aprendizagem ocorra de fato, é necessário à disposição para aprender, ou seja, a vontade do indivíduo em adquirir o conhecimento. A partir daí, o que deve ser aprendido deve ser e/ou ter um sentido para este indivíduo. Este sentido, tem um valor psicológico que cada indivíduo atribui para si. O cérebro é o órgão corpo responsável pelo processo a aprendizagem. O adequado desenvolvimento do sistema nervoso central e das funções e habilidades cognitivas é necessário para que o processo de aprendizagem ocorra de fato. E o processo de aprendizagem ainda se dá na interação do indivíduo com o meio o qual está inserido, ou seja, na vida (RUSSO, 2015).
O neurofeedback é uma técnica com princípios de aprendizagens e de terapia comportamental para treinar a auto regulação da atividade elétrica cortical, por meio de tecnologia que utiliza o dispositivo de Eletroencefalograma (EEG) e softwares específicos para captar, monitorar e ainda utilizar os dados capturados, em tempo real, como forma de estímulo e resposta. A atividade elétrica cortical é mensurada em frequências de ondas (alfa, beta, theta, gama ou delta) e medidas em Hertz (Hz). Possui diferentes modalidades de aplicação e de treinamento, que se distinguem pelos tipos de equipamentos e softwares existentes (BIRBAUMER, 2009; COBEN & EVANS, 2010).
O Neurofeedback de SCP é uma modalidade de neurofeedback. Atua através da atividade elétrica cortical denominada Potencial Cortical Lento ou Slow Cortical Potential (SCP), atividade esta que pode ser classificada como uma pré sinapse, ou seja, como um pré disparo neuronal, que ocorre através dos mecanismos neurais, intencionalmente e que pode ser desenvolvido por treinamento, de forma a possibilitar a neuroplasticidade.
O treinamento do Neurofeedback de SCP ocorre através de protocolos. As sessões de treinamento possuem características que vão desde o local da aplicação correta de eletrodos, leitura do sinal elétrico cortical de forma adequada, tempo de duração e número de sessões. Os protocolos são elaborados de forma personalizada, atendendo ao perfil e demanda do indivíduo, permitindo a aprendizagem de auto regulação dos potenciais corticais lentos. As sessões têm duração aproximada de 1 hora e podem ocorrer por dias ou semanas, conforme protocolo personalizado.
Mais informações sobre o Neurofeedback pelo telefones (21) 34398999 / 982084972 ( Clínica Higashi Rio de Janeiro) e ou (43) 33238744 / 999300185 (Clínica Higashi Londrina) .
Autoria: Equipe Clínica Higashi (Psicologia Comportamental / Neurofeedback)
Referências bibliográficas:
- BIRBAUMER, N. Neurofeedback and Brain–Computer Interface: Clinical Applications. International Review of Neurobiology. Volume 86: P. 107-117, 2009.
- BOTEGA, N. J. Prática Psiquiátrica no Hospital Geral: interconsulta e emergência, São Paulo. Ed. Artmed. 2002.
- BRAGA, João Euclides Fernades e colaboradores. Ansiedade Patológica: Bases Neurais e avanços na abordagem psicofarmacológica. Revista Brasileira de Ciências da Saúde, Volume 14 – 2: p. 93-100, 2010
- CABALLO, Vicente E. Terapia cognitivo-comportamental na prática psiquiátrica. Porto Alegre. Ed. Artmed, 2004.
- COBEN, R & J.R. EVANS. Neurofeedback and Neuromodulation Techniques and Applications. Edit. Academic Press, 1st ed. 2010.
- HEINRICH, H.; GEVENSLEBEN, H.; U. STREHL. Neurofeedback – train your brain to train behaviour. The Journal of Child Psychology and Psychiatry. Published in 6.11.2006
- RUSSO, Rita Margarida Toler. Neuropsicopedagogia clínica: introdução, conceitos, teoria e prática – Curitiba. Ed. Juruá, 2015.