A estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) é um método não-invasivo, indolor, de estimulação do cérebro que utiliza uma corrente elétrica baixa e contínua emitida diretamente na área cerebral de interesse, através de pequenos eletrodos, fazendo com que a corrente elétrica emitida aumente o nível de atividade cerebral da área estimulada.
Os estudos em torno desta técnica começaram a ser desenvolvidas na década de 1960, onde o pesquisador Dr. Albert iniciou uma investigação sistemática com o uso de correntes de baixa intensidade aplicadas diretamente no córtex de animais, demonstrando efeitos controláveis sobre a atividade espontânea e respostas evocadas de neurônios.
Embora a descoberta tenha sido relevante no campo da terapia, a pesquisa na área de estimulação teve uma nova queda quando a terapia com drogas (medicamentos) se mostrou um método mais eficaz e simples no tratamento dos pacientes.
Passados os anos, a técnica voltou a receber atenção principalmente depois do advento da estimulação magnética transcraniana repetitiva (EMTr), tornou-se evidente que a corrente contínua de baixa intensidade (ETCC) pode influenciar a atividade cortical em humanos.
Ambas têm um efeito semelhante no córtex cerebral. Como a EMTr é útil para o tratamento de depressão e outros transtornos, a ETCC também passou a ser testada para este fim
De início esse aparelho foi desenvolvido para ajudar pacientes com lesões cerebrais, como derrames. No entanto, com o decorrer do tempo, os estudos e casos clínicos comprovados demonstraram que a ETCC é utilizada com o escopo de aumentar as habilidades linguísticas e matemáticas, a atenção, resolução de problemas, memória, e coordenação, bem como algumas doenças neurológicas.
Durante a aplicação da corrente contínua de baixa intensidade (ETCC), correntes diretas de baixa amplitude são aplicadas através de eletrodos posicionados em pontos pré-determinados no couro cabeludo, e essas correntes penetram o crânio atingindo o cérebro, de forma suficiente para modificar os potenciais neuronais transmembrana, influenciando os níveis de excitabilidade e modulando a taxa de disparo células neuronais isoladas.
A estimulação magnética corrente contínua ocorre do seguinte modo:
A técnica utiliza correntes anódicas e catódicas. A corrente anódica tem o propósito de estimular o córtex cerebral, enquanto que a corrente catódica foi designada para diminuir a estimulação da região do córtex cerebral, devendo o estímulo da corrente contínua de baixa intensidade (ETCC) ser aplicado por um médico, após avaliação do caso do paciente.
A ETCC também é um tratamento muito útil para os casos de doenças neurológicas e nos processos de reabilitação de doenças, tais como: a doença de Parkinson, dor crônica, doenças cérebro-vasculares, como o acidente vascular cerebral (AVC), fibromialgia, zumbido, dependência química e depressão.
Para se ter uma ideia a aplicação de corrente anódica no córtex motor resulta em melhor desempenho motor, no aumento do rendimento do aprendizado motor implícito e memória operacional em pacientes com doença de Parkinson. Vários estudos realizados indicam que a ETCC pode trazer melhorias na função cognitiva, em habilidades motoras e no humor.
Sendo assim, é necessária a concepção de um modelo de tratamento por meio da corrente contínua de baixa intensidade (ETCC) para doenças neurológicas direcionada às áreas cerebrais específicas e responsáveis pelas disfunções geradas.
Tratamento:
Em geral, o tratamento consiste em sessões diárias que duram em média 30 minutos, ao longo de 2 a 4 semanas, ou 10 a 20 dias úteis. Após este período de tratamento agudo, normalmente propõe-se um tratamento de manutenção individualizado, que pode variar de 2 vezes por semana ou 2 vezes por mês, no entanto, o número total de sessões e frequência deve ser sempre avaliado pelo médico, de acordo com a resposta clínica do paciente.
Efeitos Colaterais:
Quanto os efeitos colaterais que possam advir, há que se dizer que os estudos demonstram que a Estimulação Magnética Corrente Contínua é bem segura. Os efeitos colaterais se restringem a dor de cabeça leve e transitória, sensação de irritação transitória e leve na pele no local da aplicação dos eletrodos. Outros efeitos colaterais menos comuns incluem náusea, dificuldade de concentração e vertigem.
Os pacientes com qualquer tipo de dispositivo médico implantado, como um marca-passo, normalmente não são elegíveis para o tratamento.
Benefícios da ETCC:
O emprego da (ETCC) vem sendo como um modelo de terapia alternativa ou complementar, principalmente, aos pacientes que não respondem bem ao uso de medicamentos. Neste contexto, renovou-se o uso de terapias de estimulação cerebral, em particular, as conhecidas como “não-invasivas”, a que estão associadas poucos ou nenhuns efeitos colaterais; acresce que as mesmas permitem uma intervenção mais focalizada, em direção à área do cérebro que está hipo ou hiper-funcionante.
O avanço da estimulação cerebral não-invasiva apareceu, portanto, no esteio dos avanços da neurociência e da neuro-imagem, com um maior entendimento dos mecanismos fisiopatológicos e dos transtornos neuropsiquiátricos.
O tratamento com Estimulação Transcraniana por Corrente Contínua (ETCC) é muito usado em países como Alemanha, Espanha, Itália, Estados Unidos, entre outros. No Brasil, o aparelho de ETCC foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), no ano de 2014.
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